sexta-feira, 12 de junho de 2009

1º Cap. Um último adeus

A chuva forte caía naquela manhã de sábado. Mais um dia sem ele, mais um dia sem vida. O enterro estava marcado para tarde. Julie não podia mais agüentar, as lágrimas já desciam por si só, quando ela mal percebia, já estava chorando de novo. Só deus sabe como ela se sentia. Como ele podia achar que ele a machucava? Com que direito ele tinha levado parte da vida dela assim, do nada? Ela não sabia mais se conseguiria viver sem ele. Ela estava se perdendo.

O tic-tac do relógio a deixava ainda mais atormentada, ela não conseguia acreditar que teria que dar adeus ao seu amor, aquele que sempre estava lá, como seria no dia seguinte? Como ela acordaria sabendo que ele não estaria lá?

E com os pensamentos confusos, ela seguiu ao cemitério, pode parecer estranho, mas aquele lugar poderia ser descrito como um dos mais belos da cidade, bonito demais para um cemitério, com flores e estátuas por todos os cantos, a grama verdinha, as arvores cheias.

Chegou ao local do sepultamente pelo menos vinte minutos mais cedo. Ótimo. Ela queria mais tempo, tempo para tentar se acalmar, seus filhos não podiam vê-la assim. Oh, seus filhos. O quão abaladas aquelas crianças podiam estar? Eles precisavam dela, ela tinha que pelo menos parecer forte.

Logo o cemitério se encheu de parentes e mais parentes. Ela sentia todos a culpando com o olhar, a julgando friamente, ela queria correr, fugir dali, mas ela não podia. A família dele nunca gostou muito dela, mas ele sempre dizia que a opinião deles não contava que eram só eles dois e mais ninguém, que tudo ficaria bem.

A cerimônia procedeu-se quieta, calada, podia se ouvir apenas o barulho do vento batendo nas arvores, e a voz do padre. E um choro baixinho, mas esse, só ela ouvia, só ela sentia, era o seu choro, era o que ela queria soltar mas não podia, ela tinha que ser forte agora. Então o padre deus suas ultimas palavras, e ela viu o caixão descer aos poucos, levando embora seu amor, sua vida, então ela se sentiu vazia, triste, solitária. Aos poucos os operários cobriram o caixão, e colocaram lindas flores em cima dele, uma foto bonita, e a lápide que continha seu nome e uma frase singela que dizia

Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho.

Todos já estavam indo embora, logo ela olhou a sua volta e se viu só, de novo. Então ela tirou o papel amassado que continha a letra dele, sempre impecável do bolso. Abriu e viu que estava um pouco manchado. Então segurando o choro, ela se pôs a ler somente pra eles, a carta que dizia:

“Se você chegar a ler isto, é porque provavelmente meu coração já parou de bater, e eu tenha ido para um lugar melhor. Eu espero que não se sinta mal com as minhas palavras, e desejo que você fique bem. Há essa hora milhares de coisas devem estar passando na sua cabeça. Você provavelmente está se julgando culpada pelo que eu fiz, como sempre. Uma das coisas que eu mais odiava que você fizesse: Se culpar sem motivo. Porque a culpa nunca era sua. Então eu fazia você sofrer, porque eu como um orgulhoso idiota nunca admitia meus erros, fazendo você pagar por eles. E mesmo assim, você continuava a dizer todas aquelas frases bonitas, me fazendo feliz, mesmo com a minha arrogância você conseguia me amar, me entender. E só o que eu fiz foi machucar você, não foi? Eu fui um completo idiota, um peso pra você. Eu tentei me desculpar, mas eu acho que nunca deu certo. Eu me culpo até o meu ultimo fio de cabelo, por te fazer sofrer mais ainda, indo pra longe de você. Mas eu não podia mais, eu não conseguia mais ouvir meu coração batendo de remorso, Por ver quem eu amo tanto sofrer do jeito como você sofria. Acredite em mim, o que eu fiz foi por amor, sua vida vai ser melhor e mais saudável longe de mim. Eu nunca fui um bom marido, fui? Claro que não. Olhe a sua volta, tem tantos melhores do que eu, tantos que podem fazê-la feliz. E antes que eu me esqueça, não sinta minha falta, não faça como sempre, e, por favor, não se culpe. Eu te amo mais do tudo. Mas eu não queria mais machucá-la, e no fim, é melhor assim. Eu quero que fique bem, cuide dos nossos filhos, seja feliz. Eu sei que não vai ser fácil durante um tempo, mas vamos você consegue você sempre foi uma mulher incrível, você é a pessoa mais maravilhosa do mundo.Eu te amo”

Então ao acabar de ler, ela se deu o direito de chorar, e por tudo o que a angustiava pra fora, as lágrimas não paravam de rolar, e entre suspiros e soluços, a única coisa que ela conseguiu dizer foi um simples ‘Eu te amo’ não era tudo o que ela queria dizer, mas significava muito mais.